
Doce sonho seria cria-los. Observar enquanto descobrissem o mundo. Me sujar de lama e ser o alvo da guerra de travesseiros. Mas, além dos ensinamentos que Benício deixou em meu coração, o que Rubi receberá são algumas peças que o pertenciam.
Muitos me perguntam sobre o que fiz com o que era de meu primogênito. Num primeiro instante eu não fiz nada. Encarei o berço, as roupas, a mamadeira com restinho de leite sob a cômoda, a toalha molhada no varal, meias perdidas pelo chão da casa. Não tinha forças para afasta-lo de meus pensamentos, eu o queria ali, presente, vendo cada pedacinho da minha dor e percebendo o quanto era amado. Sou grata pela força que ele teve para viver, insistiu de uma maneira que poucos que vivem uma vida inteira tem coragem de fazer. Eu o queria vivo, ainda que não pudesse toca-lo.
Ao passar dos dias, fui recolhendo um a um cada objeto que encontrava. Eram horas agarrada ao pé do berço, ou até mesmo escondida embaixo do mesmo. Colocava nosso cd de músicas preferidas para tocar, fechava os olhos e podia ouvir teu choro ecoando e aos poucos aliviando. Até que, após criar coragem de colocar o pé para fora de casa, voltei e me deparei com meu marido a desmontar o berço. Tive que encarar que era o momento. Guardado até pouco tempo, uma enchente na cidade em que morávamos fez com que eu o doasse. Mas, as outras coisas foram embora bem antes disso. Inicialmente eram três caixas grandes. Com o tempo, sobrou uma pequena caixa. Nela, coube todo o meu amor: uma chupeta, um mordedor, algumas peças de roupa, fotografias e o tubarão azul.
Guardei roupas que jamais conseguiria ver em outro bebê, a não ser, em outro filho. E, chegou a hora delas saírem da caixa e preencherem com suas cores o enxoval da Rubi.
Guardei roupas que jamais conseguiria ver em outro bebê, a não ser, em outro filho. E, chegou a hora delas saírem da caixa e preencherem com suas cores o enxoval da Rubi.
O primeiro macacão que vestimos o Benício. Me remete cheirinho de coisa boa, bonita, nova. É amor! E ninguém tem dúvidas de que é a roupinha que mais amo, risos. E eu posso comprar 100 macacões novos, este, com certeza, será o primeiro que Rubi usará. E o desejo é de perpetuar a herança para os próximos filhos.
A roupinha mais usada pelo Ben, de certo, risos.
Amor infinito por este conjunto. A maioria das vezes que saimos para jantar, ele estava com essa blusinha. Nem me pergunte o porquê, pois, não faço ideia. Acho que mentalmente ele me dizia ser sua preferida.
O conjunto de elefantinho é recordado pelo dia em que meu bebê chorava tanto, mas tanto, que não conseguia vesti-lo. Então abracei-o peladinho mesmo, e ele fez cocô em mim, na toalha, na roupinha, enfim. Sempre me fazia sorrir quando tentava vesti-lo assim novamente.

Este foi presente de uma amiga minha. Benício usava como pijama. Me faz relembrar belas manhãs com cheiro de café fresco e marido na beira da janela observando a rua com o bebê no colo. Numa das minhas fotografias preferidas dos dois juntos, ele está com esse macacão.
Conjunto de frio chega a ser ironia. Ah, como era quente a cidade em que morávamos. Ele ganhou de minha tia, exceto a touca que foi presente de uma das madrinhas. Inesperadamente, aconteceu um dia muito muito frio. Logo coloquei essa roupa nele. E que gostosura, passei uma tarde chuvosa inteirinha o enchendo de beijos e apertos.
Alguns bodys mais usados. Percebam que não guardei roupinhas novas ou que ele quase não aproveitou. A intenção era ter peças que realmente o representasse.
Para quem acha que só guardei itens de maior valor material, com essa blusinha terão a certeza de que há mais sentimento do que tudo. Fazendo compras no hipermercado Extra, me deparei com ela, amei e deixei o papai todo bobo. Farei ele sentir o mesmo com a Rubi.
Ufa. Foi muito difícil escrever dessa vez. Imaginam quantos dias demorei para fotografar todas as peças? E, não estão centralizadas porque foi difícil segurar a câmera sem tremer. Estão amarrotadinhas porque assim saíram da caixa, logo lavarei e passarei à espera de um corpinho gostoso para usar.